Com dinheiro, recibo é de papel

Para quem compra com dinheiro, o recibo de papel térmico é essencial

03/11/2020

Com dinheiro, recibo é de papel

Estudiosos de todo o mundo citam o fim das cédulas de papel no futuro, algo que está bem longe de acontecer no Brasil. Mesmo com o avanço das tecnologias na área de meios de pagamento, a forma mais frequente de recebimento no comércio brasileiro ainda é com dinheiro. Pesquisa divulgada em julho de 2018 pelo Banco Central mostra que 52% das compras no setor são pagas com cédulas e moedas. E o único comprovante de compra e venda deste tipo de transação é o recibo de papel térmico.

O Brasil é enorme e muito desigual social e economicamente. Em uma mesma cidade, enquanto uma parcela da população tem acesso aos mais modernos aplicativos digitais, outra parte não tem acesso nem à internet. Se compararmos regiões, a situação é mais agravante. Pessoas das grandes metrópoles têm muito mais acesso à digitalização quase que 100%, enquanto outras regiões mais ao norte e nordeste e mais interiorizadas utilizam meios analógicos, como cédulas de dinheiro para suas transações de venda e compra. Em todos os casos, o recibo de papel térmico ainda é o preferido e o recomendável pela segurança que só ele apresenta, mas quando a transação é em dinheiro, ele é o único.

E mesmo que algumas pessoas, cientistas políticos e economistas digam o contrário, os números comprovam isso. Um estudo de 2018 realizado pelo Banco Central revelou que 29% dos brasileiros recebem o salário em espécie; 60% usam dinheiro com mais frequência que outros meios como cartão; apenas 4% das pessoas nunca usam dinheiro para pagar contas e/ou fazer compras; e 99% dos comércios aceitam dinheiro, contra 76% que passam no débito e 74%, no crédito.

Até a pandemia da COVID-19, que declarou distanciamento social e colocou os brasileiros em casa, fez com que os brasileiros usassem mais dinheiro em espécie. Um estudo publicado na SSRN (Social Science Research Network) concluiu que, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), o valor das cédulas em circulação subiu de 8% para 24% entre fevereiro e abril de 2020. O mesmo ocorreu nos EUA, Europa e outras regiões, à medida que pessoas e empresas reduziram gastos e aumentaram suas reservas.

De acordo com o Banco Central, existem 8,4 bilhões de cédulas em circulação no Brasil, no valor de R$ 342 bilhões. Isso sem contar os 27,5 bilhões de moedas, equivalentes a R$ 7,2 bilhões. 

Conectividade Digital

Claro que a democratização do acesso à internet ainda está longe de ser 100% viável no Brasil. E como é necessário este acesso digital para autorizar pagamentos sem dinheiro vivo, os planos de tirar o dinheiro em espécie de circulação ainda são uma utopia. Está longe de acontecer especialmente nas cidades afastadas dos grandes centros.

Segundo a pesquisa TIC Domicílios de 2018, a desigualdade na presença dos brasileiros no mundo online continua em diversos aspectos. No tocante à renda, enquanto o percentual nas classes A e B é de cerca de 92%, nas classes D e E ficou em 48%. A penetração da Rede Mundial de Computadores atinge 74% nos centros urbanos, mas não alcança metade (49%) nas áreas rurais.