Entenda quais são os problemas do recibo digital

- Falta de segurança no armazenamento dos dados digitais ainda é frequente e pode trazer dor de cabeça para quem o utiliza - 26% dos brasileiros continuam desconectados. Apenas 33% das pessoas utilizam o meio digital para pagamentos ou transações financeiras   Ainda existem vários problemas que impossibilitam a utilização do recibo digital...

09/09/2021

Entenda quais são os problemas do recibo digital

- Falta de segurança no armazenamento dos dados digitais ainda é frequente e pode trazer dor de cabeça para quem o utiliza

- 26% dos brasileiros continuam desconectados. Apenas 33% das pessoas utilizam o meio digital para pagamentos ou transações financeiras

 

Ainda existem vários problemas que impossibilitam a utilização do recibo digital como único meio de transações financeiras no Brasil. O recibo em papel térmico continua sendo a melhor opção para todos os usuários, isso porque o recibo em papel térmico não armazena dados digitais das pessoas e é mais democrático, já que qualquer pessoa, com acesso ou não à internet, pode usá-lo.

Quando uma pessoa troca seu recibo em papel térmico por um recibo digital, seus dados ficam registrados e passa a ser incomodado inoportunamente com propagandas via sms, whatsapp e e-mail: os famosos spams. Hoje, muitas empresas armazenam o histórico de transações eletrônicas para que possa ser usado para finalidades de marketing não solicitado.

Outra situação é a segurança dos dados. Há muitos relatos de quebra de sigilo, uso inadequado e impróprios de dados por desconhecidos, transações financeiras não autorizadas, pois, embora o serviço de instituições financeiras esteja cada vez mais sofisticado e codificado, ele ainda não é 100% seguro.

As preocupações sobre a privacidade de dados são crescentes, a grande maioria das pessoas se preocupa que suas informações pessoais mantidas eletronicamente estejam em risco de serem hackeadas, roubadas, perdidas ou corrompidas.

Segundo o Índice de Segurança da Unisys, que é uma pesquisa feita anualmente para medir o sentimento de usuários de tecnologias digitais em relação à segurança da informação e hábitos relacionados à segurança dos dados digitais, a preocupação das pessoas com este tema atingiu o maior patamar dos últimos dez anos.

Em 2009, o índice estava em 119 e em 2019 passou para 175. Para o relatório, foram entrevistadas 13 mil pessoas de diversos países, entre eles o Brasil.

 

As preocupações manifestadas envolvem diversas áreas:

Roubo de documentos;

Contaminação de computadores e smartphones por vírus;

Vazamento de dados por bancos e sites de comércio eletrônico;

Aspectos de segurança nacional;

Mas a área com mais risco apontado foi a de fraudes em transações bancárias.

Não é à toa que o brasileiro não se sente seguro em fornecer seus dados digitais em transações eletrônicas. De acordo com a pesquisa Global Data Protection Index, em 2018 houve uma escalada no uso de informações digitais inapropriadamente. Globalmente, foi registrado crescimento de 569% em 2018 em comparação ao mesmo período em 2016.

Enquanto isso, no Brasil, o avanço foi ainda maior com um salto de 805%.

Assim, com tamanho crescimento no uso de informações digitais, há um desafio maior para a segurança da tecnologia (TI).

 

O acesso digital não é para TODOS

Enquanto não houver acesso digital a todos em todos os cantos do país, a opção do recibo em papel térmico continua sendo mais que essencial. Como nem todo mundo tem acesso à internet ou a dispositivos digitais para receber recibos eletrônicos, o papel será sempre a melhor opção. Pessoas que moram em áreas rurais, as de baixa renda e também aquelas acima de 65 anos têm menor probabilidade de serem usuárias de internet e podem deixar de consumir se os recibos se tornassem exclusivamente eletrônicos. É importante lembrar que eles representam uma fatia gorda de consumidores ativos.

Segundo resultados da pesquisa TIC Domicílios 2019, mais importante levantamento sobre acesso a tecnologias da informação e comunicação, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, embora a quantidade de usuários conectados digitalmente e os serviços online utilizados tenham aumentado, ainda persistem diferenças de renda, gênero, raça e regiões no Brasil e 26% dos brasileiros continuam desconectados.

A desigualdade digital e o consumo

De acordo com a pesquisa, 58% das pessoas já utilizaram um computador. Mas os resultados variam por gênero, raça e renda. Para essas pessoas, em alguns casos da pesquisa quase metade dos entrevistados, o recibo em papel térmico é, além da melhor, a única opção a ser utilizada como comprovantes importantes de transações financeiras, como pagamentos de contas, recibos de compra e venda, e comprovantes que servirão de consulta no presente (como uma maneira de controlar o orçamento) e no futuro (como comprovação oficial de uma pagamento, por exemplo).

Resultado por Gênero: há variação entre mulheres (55%) e homens (62%)

Resultado por Raça: brancos (63%), pardos (57%), pretos (55%), amarelos (57%) e indígenas (48%). Neste item, a desigualdade digital é clara, o que mostra mais uma vez que a população não está pronta como um todo para ficar sem recibo em papel térmico.

Resultado por Renda: há diferença também entre os que recebem até um salário mínimo (41%) e mais de 10 salários mínimos (92%). Aqui a diferença é gritante e mostra a importância do recibo em papel térmico para 59% da população que ganha até um salário mínimo.

Resultado por Áreas: Na área urbana, o índice é de 62%, enquanto na rural fica em 32%. A desigualdade no Brasil é, sobretudo, regional. O recibo em papel térmico ainda exerce fundamental importância para 68% das pessoas que vivem na área rural.

Uso da internet para transações com recibo eletrônico ainda é mais comum entre os mais ricos

Embora o acesso esteja aumentando, o uso mais sofisticado ainda está na mão de pessoas de classe, renda e escolaridades mais altas, uma vez que diversos usos (como consumo de serviços de streaming, recibos eletrônicos, cursos online e governo eletrônico) são mais comuns entre mais ricos e com maior instrução formal do que em outros segmentos.

Os recursos mais utilizados pela população de uma maneira geral são os mais simples, como:

  • WhatsApp, Skype ou Facebook Messenger (92%),
  • Redes Sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat (76%),
  • Chamadas de vídeo por Skype ou WhatsApp (73%),

Já o acesso a serviços mais complexos, tais como as transações financeiras com recibo eletrônico, ainda estão longe de serem utilizados por todos.

  • Acesso a serviços de governo eletrônico (68%),
  • Envio de e-mails (58%),
  • Compras por comércio eletrônico (39%)
  • Pagamentos ou transações financeiras (33%)
  • Participação de listas ou fóruns (11%).

Os resultados mostram uma evolução dos acessos no país, mas ainda evidenciam desafios à inclusão de mais brasileiros, especialmente aqueles de baixa renda, o que torna efetiva a importância de se manter o recibo em papel térmico, inclusive, para manter a igualdade de acesso aos serviços financeiros e não perder estas classes de consumidores.

A conectividade enfrenta grandes desafios, tais como a alta carga tributária, que em 2019 alcançou 47,7% dos serviços e recolheu R$ 65 bilhões em impostos; as legislações municipais desatualizadas que dificultam a instalação de antenas; e a falta de efetiva aplicação dos recursos dos fundos setoriais, que já recolheram R$ 113 bilhões desde 2001, e apenas 8% foram usados pelo governo em projetos de telecom.