Segundo resultados da pesquisa TIC Domicílios 2019, mais importante levantamento sobre acesso a tecnologias da informação e comunicação, realizada pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, embora a quantidade de usuários conectados digitalmente e os serviços online utilizados tenham aumentado, ainda persistem diferenças de renda, gênero, raça e regiões no Brasil e 26% dos brasileiros continuam desconectados.
A desigualdade digital
De acordo com a pesquisa, 58% das pessoas já utilizaram um computador. Mas os resultados variam por gênero, raça e renda. Para essas pessoas, em alguns casos da pesquisa quase metade dos entrevistados, o recibo em papel térmico é, além da melhor, a única opção a ser utilizada como comprovantes importantes de transações financeiras, como pagamentos de contas, recibos de compra e venda, e comprovantes que servirão de consulta no presente (como uma maneira de controlar o orçamento) e no futuro (como comprovação oficial de uma pagamento, por exemplo).
Resultado por Gênero: há variação entre mulheres (55%) e homens (62%)
Resultado por Raça: brancos (63%), pardos (57%), pretos (55%), amarelos (57%) e indígenas (48%). Neste item, a desigualdade digital é clara, o que mostra mais uma vez que a população não está pronta como um todo para ficar sem recibo em papel térmico.
Resultado por Renda: há diferença também entre os que recebem até um salário mínimo (41%) e mais de 10 salários mínimos (92%). Aqui a diferença é gritante e mostra a importância do recibo em papel térmico para 59% da população que ganha até um salário mínimo.
Resultado por Áreas: Na área urbana, o índice é de 62%, enquanto na rural fica em 32%. A desigualdade no Brasil é, sobretudo, regional. O recibo em papel térmico ainda exerce fundamental importância para 68% das pessoas que vivem na área rural.
Uso da internet para transações com recibo eletrônico ainda é mais comum entre os mais ricos
Embora o acesso esteja aumentando, o uso mais sofisticado ainda está na mão de pessoas de classe, renda e escolaridades mais altas, uma vez que diversos usos (como consumo de serviços de streaming, recibos eletrônicos, cursos online e governo eletrônico) são mais comuns entre mais ricos e com maior instrução formal do que em outros segmentos.
Os recursos mais utilizados pela população de uma maneira geral são os mais simples, como:
- WhatsApp, Skype ou Facebook Messenger (92%),
- Redes Sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat (76%),
- Chamadas de vídeo por Skype ou WhatsApp (73%),
Já o acesso a serviços mais complexos, tais como as transações financeiras com recibo eletrônico, ainda estão longe de serem utilizados por todos.
- Acesso a serviços de governo eletrônico (68%),
- Envio de e-mails (58%),
- Compras por comércio eletrônico (39%)
- Pagamentos ou transações financeiras (33%)
- Participação de listas ou fóruns (11%).
Os resultados mostram uma evolução dos acessos no país, mas ainda evidenciam desafios à inclusão de mais brasileiros, especialmente aqueles de baixa renda, o que torna efetiva a importância de se manter o recibo em papel térmico, inclusive, para manter a igualdade de acesso aos serviços financeiros.
A conectividade enfrenta grandes desafios, tais como a alta carga tributária, que em 2019 alcançou 47,7% dos serviços e recolheu R$ 65 bilhões em impostos; as legislações municipais desatualizadas que dificultam a instalação de antenas; e a falta de efetiva aplicação dos recursos dos fundos setoriais, que já recolheram R$ 113 bilhões desde 2001, e apenas 8% foram usados pelo governo em projetos de telecom.
Claro que a democratização do acesso à internet ainda está longe de ser 100% viável no Brasil. E como é necessário este acesso digital para autorizar pagamentos sem dinheiro vivo, os planos de tirar o dinheiro em espécie de circulação ainda são uma utopia. Está longe de acontecer especialmente nas cidades afastadas dos grandes centros, onde o recibo em papel térmico se faz mais que necessário.
Segurança e Proteção: cadastro digital pode trazer dor de cabeça
Quando uma pessoa troca seu recibo em papel térmico por um recibo digital, seus dados ficam registrados e passa a ser incomodado inoportunamente com propagandas via sms, whatsapp e e-mail: os famosos spams. Hoje, muitas empresas armazenam o histórico de transações eletrônicas para que possa ser usado para finalidades de marketing não solicitado.
Outra situação é a segurança dos dados. Há muitos relatos de quebra de sigilo, uso inadequado e impróprios de dados por desconhecidos, transações financeiras não autorizadas, pois, embora o serviço de instituições financeiras esteja cada vez mais sofisticado e codificado, ele ainda não é 100% seguro.
As preocupações sobre a privacidade de dados são crescentes, a grande maioria das pessoas se preocupa que suas informações pessoais mantidas eletronicamente estejam em risco de serem hackeadas, roubadas, perdidas ou corrompidas.